Teresa Muge
03-05 2020 00:42
wrote:
João
Se no dia 25 de Janeiro deste ano tivesse adivinhado que seria a última vez que almoçaríamos juntos, rodeados de família e amigos - tua maior especialidade - rindo seriamente de tudo e mais alguma coisa, falando da vida, da situação do mundo, dos filhos e netos e pais, das artes, da fome, das maleitas, das músicas, dos refugiados, das telas, dos projectos... tudo sempre de forma furiosamente honesta e entrelaçada e com a segurança dos afectos que não se desmancham por qualquer discordância, por mais funda que seja, ou por mais teimosamente opaca que se nos apresente... ter-me-ia despedido de ti de outra maneira. Tivesse eu sequer imaginado que irias sair pela porta do cavalo, com certeza tão surpreendido quanto todos nós e completamente em desacordo com tal evento, ainda mais contrariado por causa de um bicho que te obrigou a ficar em isolamento e distância social, coisa tão nos antípodas da tua persistente e amorosa forma de cultivar amizades... e teria mais vezes realçado as aprendizagens que todos nós temos a fazer contigo nesse capítulo em especial. Assim, apesar de só me apetecer chamar-te nomes, tal a zanga que me alugou o coração por estes dias, só espero que tenhas encontrado um novo caminho de venturas, desafios, telas a encher de cor e vida e também que tivesses à tua espera uma enorme comitiva de familiares e amigos para te abraçar, tranquilizar, ciceronar, oferecer-te um copo e fazer-te dar a tal gargalhada que um dia havia de soar ainda mais alto... Cuidado, não te engasgues! Eu sei que não haverias de perder pitada destes dias que são tão de vida como todos os outros... Meu grande filho da mãe: vai preparando aí um lugar e uma mesa bem grande para que daqui a umas horitas, segundo o tempo cósmico, possas receber com o teu habitual sorriso rasgado e um bom copo do que cada um mais gostar, a avalanche de gente que te vai cair em cima. Por agora, aqui fica um abraço infectadíssimo de afecto. Sentiste? Até, meu querido irmão!
Teresa Muge
Teresa Muge
03-05 2020 00:42
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João
Se no dia 25 de Janeiro deste ano tivesse adivinhado que seria a última vez que almoçaríamos juntos, rodeados de família e amigos - tua maior especialidade - rindo seriamente de tudo e mais alguma coisa, falando da vida, da situação do mundo, dos filhos e netos e pais, das artes, da fome, das maleitas, das músicas, dos refugiados, das telas, dos projectos... tudo sempre de forma furiosamente honesta e entrelaçada e com a segurança dos afectos que não se desmancham por qualquer discordância, por mais funda que seja, ou por mais teimosamente opaca que se nos apresente... ter-me-ia despedido de ti de outra maneira. Tivesse eu sequer imaginado que irias sair pela porta do cavalo, com certeza tão surpreendido quanto todos nós e completamente em desacordo com tal evento, ainda mais contrariado por causa de um bicho que te obrigou a ficar em isolamento e distância social, coisa tão nos antípodas da tua persistente e amorosa forma de cultivar amizades... e teria mais vezes realçado as aprendizagens que todos nós temos a fazer contigo nesse capítulo em especial. Assim, apesar de só me apetecer chamar-te nomes, tal a zanga que me alugou o coração por estes dias, só espero que tenhas encontrado um novo caminho de venturas, desafios, telas a encher de cor e vida e também que tivesses à tua espera uma enorme comitiva de familiares e amigos para te abraçar, tranquilizar, ciceronar, oferecer-te um copo e fazer-te dar a tal gargalhada que um dia havia de soar ainda mais alto... Cuidado, não te engasgues! Eu sei que não haverias de perder pitada destes dias que são tão de vida como todos os outros... Meu grande filho da mãe: vai preparando aí um lugar e uma mesa bem grande para que daqui a umas horitas, segundo o tempo cósmico, possas receber com o teu habitual sorriso rasgado e um bom copo do que cada um mais gostar, a avalanche de gente que te vai cair em cima. Por agora, aqui fica um abraço infectadíssimo de afecto. Sentiste? Até, meu querido irmão!
Teresa Muge